Antes do grupo Wiriri Kuzá Wá, nós, mulheres, estávamos nessa vivência diária, dentro das nossas comunidades. A gente já tinha o levante de algumas mulheres em alguns espaços, como professoras e agentes indígenas de saúde. Mas até então, nós, mulheres, não participávamos de certas tomadas de decisões dentro da comunidade.
Às vezes nas reuniões não tínhamos voz e nem autonomia para nos posicionar diante de determinadas situações. Havia, sim, o preconceito pelo fato de sermos mulheres. Aos poucos fomos construindo e conquistando esse espaço.
Diante de tudo isso foi criado o grupo de mulheres Wiriri Kuzá Wá, que é um espaço de diálogo entre as mulheres. O grupo surgiu no dia de 19 de julho de 2015, porque nós, mulheres, nos sentimos desrespeitadas, desvalorizadas e discriminadas por aquele discursinho de que “mulher só serve para estar na cozinha e nada mais”, e que nós não deveríamos falar em reunião.
Entre umas das articulações, o grupo de mulheres mudou uma liderança que era um cacique que não nos entendia e não nos ouvia. O novo cacique na época apoiou o grupo de mulheres e nos fortalecemos ainda mais.
A nossa finalidade a partir do grupo é apoiar e acompanhar os trabalhos desenvolvidos dentro da comunidade e também fora. Trabalhos referentes à organização, aos nosso apoiadores não indígenas e também, principalmente, proteger nosso território, discutir e trazer para a sociedade a importância do território.
Nós, mulheres, intervimos para salvar a nossa terra e desenvolvemos esse trabalho juntamente com a proteção territorial da Terra Indígena Rio Pindaré, no Maranhão. Fazemos parte do grupo de proteção territorial. No início o grupo tinha 13 mulheres, e hoje são cerca de 30 mulheres divididas entre as aldeias. O grupo Wiriri Kuzá Wá foi criado também para isso: para articular e trazer as mulheres para a luta, para o movimento.
Texto: Mulheres Wiriri Kuzá Wá / Fotos: Genilson Guajajara