8 de dezembro de 2023
III Encontrão e Mostra Audiovisual da Jacá: Juventude, Comunicação Popular, Resgate Ancestral e Direitos Humanos no Maranhão

Piquiá de Baixo, Maranhão, Brasil: uma comunidade resistente que completou 19 anos de luta por reassentamento e reparação integral, enfrenta diariamente os impactos das grandes indústrias de mineração, atravessada pela Estrada de Ferro Carajás (EFC), com seus direitos humanos violados.

No entanto, falar de Piquiá de Baixo não se resume ao sofrimento. A comunidade é repleta de histórias, especialmente de mulheres guerreiras, território de um povo alegre que, ao longo de três dias, acolheu calorosamente os participantes do III Encontrão da Rede Jacá de Comunicadores e Comunicadoras Populares do Maranhão. A comunidade não apenas abriu suas portas, mas também compartilhou suas casas, suas mãos para alimentar, seus rios, seu tempo e suas histórias de lutas.

Simone Ferreira, moradora de Piquiá de Baixo e pertencente ao grupo da Horta para a Cozinha, que produziu a alimentação durante os dias do evento, expressa sua alegria em receber o evento em sua comunidade: – “Minha expectativa é boa, é muito bom receber outras comunidades, até a minha, e poder conhecer a história deles, e eles também conhecerem a minha comunidade, a minha história, a nossa história, né? Que é muito bonita”. Finalizou.

O evento, realizado há três anos, busca reunir comunicadores e comunicadoras populares do Maranhão, especialmente comunicadores de áreas impactadas pela mineração e pelo agronegócio. O evento também reúne artistas, midiativistas, ativistas, entre outros. Além de debates e oficinas, este ano contou com a I Mostra Audiovisual da Rede Jacá, exibindo produções dos comunicadores de cada território, mostrando o conhecimento e as habilidades dos participantes.

Mateus Adones, do município de Santa Rita e integrante do Coletivo Pinga Pinga e membro da rede Jacá, afirma: “O encontrão visa reanimar e estruturar a colaboração entre os participantes do movimento social, oferecendo um impulso, inclusive financeiro, para energizar as comunidades. Este evento não se limita apenas aos comunicadores, mas também apresenta produções audiovisuais das comunidades e coletivos, independentemente de financiamento. A mudança para realizá-lo dentro das comunidades é crucial, pois é lá que ocorrem as atividades relevantes, abordando a dificuldade de comunicação de dentro para dentro. Isso não apenas beneficia os comunicadores, mas também a comunidade em sua totalidade”.

Daniela Gavião, jovem da Comunidade Monte Alegre e integrante da coordenação da Tupi-Jê, descreve sua experiência no encontrão: “Essa organização ajuda os jovens a lutar pelos direitos e pelo território e estamos querendo trazer mais jovens para se envolverem.” Também destacou a hospitalidade e luta da comunidade de Piquiá de Baixo, inspirando a luta pelos direitos e território do Povo Indígena Gavião.

A comunicação popular no Maranhão tem sido essencial para proporcionar voz às comunidades impactadas, expondo os conflitos territoriais e seus impactos nos direitos humanos e da natureza. Esta forma de comunicação empodera as comunidades ao compartilhar autenticamente suas histórias e desafios, sendo o instrumento disponível para que elas possam expressar suas realidades de maneira significativa.

Encontrão da Rede Jacá desempenha um papel crucial ao proporcionar um espaço para troca de experiências entre comunicadores populares, fortalecendo laços e promovendo narrativas inclusivas e representativas, empoderando comunidades de coletivos e conscientizando sobre a importância dos direitos humanos e da preservação dos territórios.

TEXTO: Débora da S. Baima, João Victor Barbosa e Marcelo Durans

EDIÇÃO: José Carlos de Almeida

FOTOGRAFIAS: Antônio Marciel Pires, Fabiano Rocha, João Victor Barbosa, Marcelo Durans e Tayná Carvalho Vargem.

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