Poucos antes de a pandemia de Covid-19 ser conhecida no Brasil, em fevereiro de 2020, centenas de mulheres indígenas de diferentes povos se reuniram no Maranhão para uma assembleia geral. Antonio, Djelma e Genilson Guajajara se reuniram para registrar esse encontro. Mas então a pandemia veio, e a divulgação desse registro acabou sofrendo atrasos. Mas o momento de divulgar essa memória chegou, e aqui estamos.
Nos dias 28 e 29 de fevereiro de 2020, articulações de indígenas no Maranhão estiveram reunidas na Terra Indígena Caru, no município de Bom Jardim/MA, para a realização da IV Assembleia Geral de Mulheres.
O evento contou com mais de 160 participantes dos povos Awa Guaja, Ka’apor, Gavião, Mermotumrè-Kanela, Apãjnekra-Kanela, Guajajara, Krikate, Tremembé e Krenye. Também esteviveram presentes apoiadores e aliados do movimento indígena, de instituições indígenas, ambientalistas e de direitos humanos.
Esses dois dias foram bastante importantes para lembrar das lutas e dificuldades enfrentadas pelas lideranças e principalmente pelas mulheres indígenas. “Alguns anos atrás nós mulheres tínhamos apenas o papel de cuidar de casa, cuidar dos filhos, do roçado e ainda cuidar do marido. As dificuldades eram grandes, pois nós só servia pra isso.” Essa foi uma das frases que foi bastante mencionada pelas mulheres, cada uma com seu jeito e forma de falar.
A seguir, apresentamos imagens e pensamentos desse encontro.
“Eu pude perceber que eu, como mulher, tenho uma papel muito importante até mesmo sem ter título algum, o simples fato de eu ser mulher já é o suficiente, me basta. Deixar de lado a preocupação de sempre estar me justificando pra essa sociedade machista”
“Este momento que está sendo realizado é para unirmos forças e ajudar umas às outras em prol de melhorias, como educação, saúde e proteção dos nossos territórios. Acreditamos na força da nossa união para, juntas, lutar pelos nossos direitos, e deixar nossos territórios e tudo que há nele para essa geração, assim como nossos antepassados fizeram para hoje estarmos usufruindo de forma coletiva e sustentável, nesse ciclo de um processo ritualístico da cultura do nosso povo.”
Texto: Antonio Guajajara / Djelma Guajajara
Fotos: Antonio Guajajara / Genilson Guajajara